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CRÔNICAS
CRÔNICAS

 

Jesus Motociclista

                     Se no tempo em que Jesus andou pela Palestina, existisse motocicleta, óleo 40 e gasolina, com certeza ele teria uma, toda envenenada, toda fina... talvez uma Harley, uma Suzuki, mas pelo que parece, pelas teias que a historia tece, talvez uma moto humilde, sem atrativos demais, para melhor combinar com sua filosofia de humildade, amor e paz.

                     E Jesus seguia sua sina, de moto pela Palestina, para desespero de seu pai, o tal Jose carpinteiro, que gritava o dia inteiro : - Menino , pára com isso! Motocicleta é perigoso, tu pode se machucar! Esse bicho é muito bravo, pode até te matar! E o povo precisa de Ti, para poder se salvar! No que Jesus respondia, enquanto suavemente ria : - Esquenta não, Pai José, que não me acontece nada! Essa moto é abençoada, ela não estraga á toa, e na hora do perigo, ela voa!!

                     Tudo na vida tem hora, tem tempo e tem vez, e como o tempo não pára, Jesus chegou aos 33. Tinha uma sina a cumprir, não havia como fugir. Subiu em sua moto, foi pro deserto meditar, acelerou na areia, com o diabo a espreitar. Satanás tentou de tudo, para nosso Messias desvirtuar. Jesus não recuou nem um pé, como um homem de verdade faz, acelerou a moto na cara de Satanás, que saiu apavorado... gritando feito um tresloucado – Posso até ser malvado, mas não sou desmiolado! Com esse motociclista, até eu saio da pista!

                     Jesus voltou triunfante, em sua moto abençoada, “milagreando” a quem quisesse, saudando a criançada. Entrou na Palestina, com mais de mil motos atrás, despertou a inveja dos homens, que só comentavam por trás : - Quem é esse cabeludo, com essa moto abençoada? Ele está criando balbúrdia, ta criando revolução, agitando a multidão! Pôncio Pilatos vai saber...antes do pior acontecer... Delataram Jesus a Pilatos, que chamou o motociclista. – Que tipo de Rei é você? Cabeludo e numa moto a andar? Ta criando revolução ? Ta querendo a massa agitar? Por que essa agitação?

                     Na verdade o que acontecia, e que não se esclarecia, era que Pilatos, a fera, motociclista não era. Vivia trancafiado em seu castelo mofado, muito sem graça vivia, assinando papel todo dia, numa eterna burocracia. Ser livre era o que ele queria, mas por força do destino não podia. Pilotar moto era o que ele queria. Lavou suas mãos, e então, jogou nosso Messias nas mãos da multidão. Um pobre povo infeliz, que labutava dia a dia, para da triste vida tirar o seu sustento, sem nunca ter tido uma moto, nem ter sentido na cara o vento, o qual só quem é motociclista tem o privilégio de sentir. Quem não era motociclista gritava : - CRUCIFICA! CRUCIFICA! 

                     Pregaram Jesus na cruz, as motos silenciaram... três dias depois na sua tumba, nem capacete acharam... o resto da história, todos sabendo ficaram... Ele disse que vai voltar, com sua moto abençoada, vai descer aqui na terra, por ordem na porcariada, consertar tudo que o homem fez, pois 90% é cagada : fome miséria, guerra, crime e gente sem terra. 

                     E quando Ele voltar, vai fazer um mundo melhor, um mundo onde carros e motos convivam em harmonia, onde vai ter encontro, churrasco e viagem em qualquer dia. Um mundo de duas, três ou quatro rodas, não importa, o que será importante na ocasião, é irmão abraçar irmão.

Autor: Carlos Magno Sena

 

Poesia : MOTOCANDO

 

Loucura ou aventura,

pense lá o que quizer ...

Vão pela estrada, de moto,

o marido e a mulher.

 

Sensação de liberdade,

os pensamentos voando...

Fazem curvas, cortam retas,

seus destinos vão buscando.

 

À frente, se descortinam

céu e terra aos olhos seus,

mostrando toda beleza

da imensa obra de Deus.

 

A natureza desnuda:

campos, vales, serras, matas.

E o sol, dourando a folhagem,

dá luz e vida á paisagem.

 

O sol também nos aquece

do forte vento que vem

e esse contato mono

e de frescor nos faz bem.

 

E lá vão os dois rodando,

pensativos e silenciosos,

querendo reter na vida

momentos tão preciosos.

 

Tudo passa.... a paisagem

Que encantou e fica para trás.

Assim a vida é viagem:

o que foi não volta mais.

Poetisa: Maria Célia Cavalcanti Gonçalves

 

 

 

MACUMBA E A ARTE DE MANUTENÇÃO DE MOTOCICLETAS        

 

Motoca de ossuncê só funciona com ebó, zifio                                                                

                                    

  • Quando a motocicleta quebrar no meio da avenida, ossuncê tem que agradar o Tranca-Ruas pra liberar a passagem pra ossuncê. Acende charuto e solta três baforadas em cima do motor da moto. Depois liga pro seguro e chama o guincho.

  • Pra tirar carga negativa da motocicleta tem que fazer um oboró com bará no babalorixá. Capricha no oxinorô que é pra não birimbabar no obaoba.

  • Pra problema do motor, ossuncê tem que fazer ebó com uma vela vermelha e uma tigela cheia de gasolina. Ossuncê prega a vela no fundo da tigela, acende com fósforo de ponta preta e depois joga a gasolina em volta. Deixa no sereno três noites e a motocicleta nunca mais vai negar fogo. Pai Harley-Davidson aconselha zifio a usar luvas de amianto no trabalho.

  • Pra reconquistar a pessoa amada e não ser fechado no trânsito caótico da grande metrópole, ossuncê tem que colocar uma sirene vermelha no guidão e usar capacete branco durante uma semana, começando na primeira lua cheia do mês. Quando o trânsito parar, ossuncê liga a sirene vermelha e os caminhos vão se abrir pra ossuncê.

  • Pra não ficar na rua da amargura, ossuncê tem que enfeitar a motocicleta com dourado, pendurar duas fitas brancas no guidão e amarrar uma flor vermelha no capacete. Se a polícia parar ossuncê, fala pro alibã que a moto é um trio-elétrico e que zifio tá indo pro carnaval na Bahia.

  • Pro freio não falhar, ossuncê mistura uma cuia de farofa de dendê com óleo de máquina e deixa numa via elevada expressa em noite sem lua. Se ossuncê escapar de atropelamento e morte certa, nunca mais corre risco de vida.

  • Pra ter sempre mulher bonita na garupa, ossuncê tem que pegar uma galinha, amarrar no banco de trás e sair dando volta pela cidade durante três dias e três noites. As mulheres vão se aproximar e perguntar: “Ôxe! Tu tá louco, homem? Pra quê carregar galinha na moto?” E aí ossuncê responde: “É que eu não achei você, minha nêga!”. É tiro e queda.

 

Motoqueiro é o @#$%¨&*+

Eu estava parado de moto no sinal (ou semáforo, se preferirem) numa esquina perto do Maracanã, quando parou um carro ao lado e a senhora que estava no banco do carona perguntou:

- Ô motoqueiro ...

Devo ter feito uma cara de “motoqueiro é o @#$%¨&*+” antes de ela continuar a frase e perguntar onde ficava uma determinada rua que eu não conhecia. O motorista, ao lado dela, olhou pra mim, meio sem graça, enquanto ela perguntava a um outro motorista na outra fila e sorriu um sorriso cúmplice. Antes do sinal abrir ainda deu tempo de eu falar para a senhora:

- Olha, minha senhora, eu não sou motoqueiro. Sou mo-to-ci-clis-ta.

Não sei se ela entendeu, mas pediu desculpas.

Lembrei de uma vez em que eu estava indo viajar com minha mulher para Paty do Alferes e paramos na Casa do Alemão da Dutra (https://www.casadoalemao.com.br) para comer aquele irresistível bolinho de carne e o cachorro-quente com linguiça e queijo (foto). No estacionamento, várias motocicletas de grande porte, a maioria Rallye Davidson. Perguntei a um dos rapazes se eles estavam indo a algum encontro de “motoqueiros” e...

Ele fez uma cara de reprovação e eu captei o recado:

- Motoqueiros, não; mo-to-ci-clis-tas.

O rapaz riu e respondeu:

- Ahhhh, eu estava só esperando você corrigir.

Para quem não anda de moto e não entendeu direito a diferença, explico: chamar motoclista de motoqueiro é que nem chamar chefe de cozinha de cozinheiro.

 

 

 

 

Fucinho de porco                                                                           

  

Texto enviado por: Marco Souto tubaraosouto@hotmail.com

 

                    Estávamos no encontro de Governador Valadares, no ano passado, a festa corria solta e a praça estava cheia e Zé Mauro dos lobatos preparava seu enézimo churrasco, como sempre fazia não levava grelha e a carne era pouca pra tanta gente, o jeito é o tubarão passar a sacolinha para levantar fundos pra tão boa causa, feita a tarefa era preciso ir até ao mercado para comprar os pertences, e a tarefa ficou a cargo do tubarão e do Ricardo dos lobatos, fomos em uma só moto, na moto nova do Ricardo, o tuba na garupa e o Richard Geere na pilota, vira pra cá, vira pra lá, chegamos ao mercado, muito bonito por sinal, a coleta tinha sido boa e a boa carne tava garantida, após uma breve discussão sobre quantos sacos deveríamos levar,...de carvão.cara....de carvão, entramos na fila do açougue, como no primeiro mundo os atendentes do açougue estavam com a cara, digo o rosto protegido por uma máscara, o Ricardo com excesso de serotonina, com seu indefectível óculos sem lente, olhou para o atendente que segurava uma faca do tamanho de uma espada e mais afiada que navalha de barbeiro, com sua cara de peroba rosa, perguntou:

            _voce tem fucinho de porco?

ao que o atendente extremamente educado respondeu:

            _sim, senhor.

e o Ricardo com a cara mais lambida do mundo, cinicamente falou:

            _levanta a máscara pra eu ver.

Tinha duas jovens senhoras na fila que não aguentaram e o riso tomou conta do ambiente, dava ate pra ver o jovem atendente gargalhar por detras da mascara.

 

TIPOS DE MOTOQUEIROS

 

Enviado por: Emanuel Vilela

Autor: Desconhecido

 

Definições bem-humoradas de quem gosta de moto

Este é um pequeno glossário sobre os seres e espécies de seres bípedes que fazem parte da fauna de duas rodas. É sempre bom conhecer estes termos, pois deve-se ter um certo cuidado ao adereçar um destes seres, pois se chamá-lo pela denominação errada com certeza vai levar um xingão.

 

                Motoqueiro: Indivíduo bípede que anda sobre uma máquina que também tem dois pontos de contato com o solo. Notem que qualquer ser que consegue equilibrar-se sobre os quartos traseiros pode ser motoqueiro (com o preço que está uma CG 84 a álcool, qualquer um pode). Quando este indivíduo comprou seu veículo de duas rodas, acreditava que qualquer coisa sobre o asfalto com mais de duas rodas é um obstáculo a ser vencido (tem certeza que se tivesse comprado aquela DT 180 85 daria para pular por cima). Atualmente, depois de três multas por andar sem capacete, várias mijadas de guardas por estar de chinelo e sua foto (ou melhor, a da traseira da moto com ele cobrindo a placa com a mão enquanto "fazia bundão" pro pardal) espalhada por todas as repartições do Detran, ele É o dono da rua. Sua próxima aquisição será aquele ferrinho de pôr na rabeta para poder empinar sem estourar a lanterna traseira...Aí sim vai ser animal passar nos pardais.

 

                Motociclista: Ser humano sobre uma máquina de duas rodas. Se considera a casta nobre dos condutores de veículos motorizados, pois só anda de capacete, não grita "Volta pra cozinha!!!!" quando uma mulher inadvertidamente lhe fecha no trânsito e nunca joga papel de bala no chão. Não consegue ficar 15 minutos sem pensar na sua possante, e acha que não existe coisa melhor no mundo do que andar de moto. Se sua mulher deixasse, guardava a moto na sala de jantar. Mas como não há substituto para sexo, guarda a moto debaixo de uma lona na garagem mesmo (mas só cobre depois do motor esfriar, nem que tenha que ir até a garagem as 3:00 horas da manhã mais fria do inverno para cobrí-la).

 

                Biker: Ser totalmente sui generis. Também se considera de uma casta nobre, mas de um filó absolutamente diferente dos demais. Começou aos 10 anos com uma Caloi Super, de quadro de ferro e 10 marchas (era o moleque mais rápido do quarteirão no Polícia e Ladrão sobre bicicletas). Quando cresceu e virou gente, a 1ª moto que comprou foi uma RD350, que passava horas lavando e encerando. Divertiu-se muito com esta RD ("Meu, tu não acredita em quantos minuto fiz do trampo pra casa, e isso ao meio-dia"). Aí ganhou mais dinheiro, teve dois filhos, trocou a Parati rebaixada com vidro fumê por um Santana de 4 portas e comprou uma esportiva. Mais de 130 cavalos, sem contar o condutor, e velocidade final de 270 km/h (mas com o Sarachú que ele vai colocar vai passar dos 285 frouxo). Sua diversão é subir até o topo da serra e descer, uma vez atrás da outra, das 8:00 às 11:30 de todo sábado de sol, fazendo todas as curvas na horizontal. Sempre se veste com uma jaqueta que se liga por zíper à calça, das cores mais psicodélicas possíveis e que geralmente custam um valor de 4 dígitos. Quando chega em casa pro almoço depois do exercício de sábado, a 1ª; coisa que faz é abrir a jaqueta de guerreiro do futuro pós-apocalíptico e amarrar as mangas na cintura e em seguida atacar a geladeira atrás de líquidos, pois quase desidrata de tanto suar dentro do uniforme. Depois de beber dois litros de água, suco, chá, cerveja, etc, beija a mulher (como sempre ela manda ele tomar banho porque está fedendo chulé) e vai vistoriar os novos riscos nas pedaleiras que fez naquelas curvas animais da serra. E pensa consigo mesmo "Até sábado que vem ponho o Sarachu, aí sim vai dar pra aproveitar toda a potência da moto".

 

                Coxinha: Na verdade, esta definição serve para todas as tribos. É aquele ser que tem um veículo de duas rodas dentro da sala de TV. Acha que o importante é ficar babando em cima da moto, e só anda com ela nos fins de semana de sol e quando emenda um feriadão e não vai viajar com a patroa e os 3 filhos. Seu maior prazer é sair de carro com os amigos e falar de motos. Quando sai para dar umas voltas (depois de entrar no site do Inmet para ver se corria risco de tomar chuva naquele sábado de céu azul), não pára em sinaleiro sem ficar acelerando o motor. Geralmente sai no gás para frear em cima do carro em frente a 30 metros. Sua política é que moto é a melhor coisa do mundo, mas em viagem de mais de 30 km é melhor ir de carro por ser mais seguro, ter rádio toca-fita com magazine de 12 CDs no porta-malas, ar condicionado, etc. Além do mais, não sei não, mas parece que vai chover semana que vem, por isso não sei se vai dar pra ir junto com vocês...

 

                Tiro Curto: Denominação dada a um ser vivente sobre duas rodas que vai a qualquer encontro, em qualquer lugar, pagando ou não, com qualquer tempo, mas raramente chega lá no dia programado. Sempre fica no meio do caminho para arrumar um probleminha na moto que só depende de se conseguir uma peçinha na cidade vizinha. A sua moto é o arquétipo da moto ideal, mecanicamente perfeita, e aqueles barulhinhos irregulares são charme. A bomba de óleo que estourou ontem, o fluido de freio vazando na semana passada e a torneira de combustível entupida do último encontro (30 dias antes) são coisas da vida que acontecem com qualquer um. Geralmente é o 1º a apoiar a idéia do MC comprar uma carretinha pro carro de apoio ("Lembra daquela vez que o Ciclano teve de dormir naquele motel pulgueiro? Ainda bem que não estava junto, já que minha moto estava na revisão, mas se a gente tivesse a carreta vocês poderiam ter colocado aquela porcaria da moto dele em cima"). Facilmente reconhecido, pois conhece os nomes de todo mundo na sua concessionária, do mecânico-chefe ao gerente ao cara de CG que faz entregas. Quando consegue chegar de volta de um encontro sobre a moto (e não dentro do carro de apoio) fala pra todo mundo que este foi um dos melhores encontros que aquela cidadezinha já fez. Muito melhor que o do ano passado, pois de tanta chuva (na verdade era uma garoa forte) molhou as velas e teve de dormir num hotel na entrada da cidade que lhe cobrou uma nota preta. "Este ano foi diferente, a organização não deixou ninguém nos explorar com hotéis caros... Aquela mancha de óleo ali? Isso é óleo que jogaram embaixo só para me sacanear. Esta moto não dá oficina".

 

                CGzeiro: Começou com uma Turuna 80 (aliás, impecável) do tio dele e agora esta já na sua 3ª Today. Seu sonho de consumo era uma Titan ES, mas agora com a YBR, está em dúvida...se a troca de óleo for mais barata pode até pensar. Entre seus amigos é muito querido, pois além de fazer zerinhos perfeitos ("aquela vez que a moto escapou e acertou um Palio 16v estacionado do outro lado da rua foi porque a rua ali na frente do colégio tem muita pedrinha solta por causa dos ônibus que passam de monte") faz a melhor antena corta-cerol do bairro. Pensa um dia escrever para a Duas Rodas e perguntar se não querem fazer um teste com seu corta-cerol. Numa dessas pode até começar a faturar uns trocados com os pedidos...

 

                Superbiker: Ser sobre duas rodas bastante curioso. Sua filosofia de vida é chegar lá. Não importa onde, desde que seja rápido. E antes dos colegas com aquelas velharias de 1998. Seu modo de trajar é bastante semelhante ao do biker, mas diferem por sempre usarem capacetes de fibra de carbono com kevlar trançado, viseira anti-embaçante e a prova de impactos e cinta jugular acolchoada de nylon anti-alérgico que pesa somente 127 g. Têm um jeito peculiar de andar quando estão sobre os próprios pés, pois sempre inclinam a cabeça para frente para melhorar a penetração aerodinâmica. Não são muito vistos sobre as motos, pois quando você vai olhar eles já passaram. Detestam andar devagar, pois o pressurized air charged direct double induction system só começa a funcionar a partir dos 195 km/h (se bem que a nível do mar já entra nos 185 km/h). Além do mais, andar a menos de 200 km/h é coisa de frouxo. São facilmente reconhecíveis nas boates dos encontros, pois sempre são os primeiros a chegar, e quando se pergunta a um deles se o túnel na BR ainda estava em reformas eles respondem "Reformas? Não vi máquina nenhuma...". Outra característica marcante é seu ódio descomunal a insetos. Isto porque dói pra cacete levar uma besourada no pescoço a 298 km/h. Acredita piamente que até o ano 2010 estarão em produção motos de série que rompem a barreira do som ("Aí sim vai dar para curtir o vento no rosto...").

 

                Cruiser (Custom): Seu nome é derivado do tipo de moto de duas rodas que pilotam. Sua filosofia de vida é ir, não importa quanto tempo leva nem se vão chegar lá. Só ouvem rock, e respiram couro e comem cromo. Se não for cromado não presta. Vestem-se dos pés a cabeça com roupas de couro (até no capacete as vezes), incluindo-se cuecas e meias, geralmente na cor preta. Além do couro, adoram usar penduricalhos presos a roupa, como correntinhas, broches, etc. Não gostam muito do verão por que no sol toda esta roupa preta esquenta pra cacete. Consideram-se os bad boys do reino de duas rodas, mas a maioria pede: "por favor, não fala palavrão" e até respeitam mulheres no trânsito. Também não gostam de insetos, pois como geralmente usam elmos abertos, detestam comê-los quando estão pilotando. Nos encontros, se você perguntar se o túnel na BR ainda está em reformas, respondem com detalhes, pois andam tão devagar que conseguem até ler o nome nos crachás dos trabalhadores.

 

                Trilheiro: Este ser não faz parte da fauna urbana, pois só se sente a vontade quando está no meio do mato. Seu credo é "no barro é que me realizo". Estes bípedes só são felizes quando estão com barro até a cueca, já que andar no asfalto é coisa de mariquinha. Quanto mais chover melhor, pois assim a trilha estará bem enlameada. É um dos poucos seres sobre motos que sabe lavar roupa, pois sua mulher se recusa a pôr a mão ou deixar que a empregada lave aquela imundície que é a roupa dele andar de moto. Detestam os coxinhas e flanelinhas (ver abaixo), já que moto limpa não presta e é no mínimo coisa de fresco. Não vão muito a encontros, pois só existem encontros em cidades, nunca na terra ou no mato, e andar no asfalto é coisa de mariazinha.

 

                Flanelinha: Também é um categoria de ser, sendo encontrado em todas as tribos e filos. Este ser bípide tem como meta na vida deixar sua moto brilhando. Não existe coisa pior que mancha ou sujeira. Também são uns dos poucos que lavam roupa, pois só usam roupa limpa ao andar de moto para não sujar o banco. Nos encontros que vão (apenas na época de seca e somente em cidades limpas) ganham todos os prêmios de moto mais bem conservada. Caracteristicamente sempre carregam um paninho, pois sempre pode aparecer uma sujeirinha. Conhecem de cor nomes e fabricantes de todas as marcas e tipos de cêras e polidores, além de conseguirem citar de traz para frente a sequência de lavagem de sua moto. Uns chegam ao ponto de plastificar a moto inteira ("Sabe como é, radiação ultra-violeta pode danificar a pintura. Nunca dá pra descuidar"). Nos encontros, para achá-los é só ir onde estão as meninas em trajes mínimos lavando motos. Geralmente tem um flanelinha ajudando ou ensinado elas a lavar.

 

                Estradeiro: É uma espécie de nômade, que ainda não conseguiu criar raízes em lugar algum. Na dúvida, ele pega a estrada, não importa pra onde, desde que seja longe. Também não se importa em quanto tempo vai levar ou se tem alguma coisa lá, o importante é ir. Uma de suas características é transformar a moto num motorhome, com malas, alforjes, bagageiros, mochilas e pochetes por tudo, sempre com um 2º capacete em cima da pilha mais alta. Ó único ser sobre duas rodas que acha que talvez não seja totalmente verídica a estória que todo caminhoneiro tem a mãe na zona. Afinal, naquela viagem do mês passado ao Aconcágua que fez saindo pela Transamazônica, foi um caminhoneiro que lhe deu carona de volta a Manaus quando o pneu traseiro rasgou. Também não gosta de insetos, porque deixam aquela mancha verde na viseira. Sempre que se encontrar um estradeiro e ele disser já volto, desconfie, pois pode resolver que faz tempo que não vai às Missões e só voltar dali a um mês. Se pudesse, trocaria o irmão mais novo para ir de moto à Daytona. Saindo da Terra do Fogo, é claro.

 

                Motoclube: Uma reunião formal, legalizada e com estatuto de seres sobre duas rodas. Normalmente, é composto por apenas uma espécie de ser, e todos são identificados por uma jaqueta ou colete de preferência bem surrados com uma figura nas costas e escrito embaixo "Pelo asfalto, minha vida" ou qualquer outro dizer imperioso assim. Quanto mais coisas e penduricalhos conseguir colar, costurar ou amarrar no colete ou jaqueta, melhor. Seus integrantes, nos encontros, só se misturam com integrantes de outros MC de seres da mesma espécie, e sua principal diversão é falar mal dos encontros pagos e das outras espécies. Alguns até tem sede própria, onde fazem as reuniões para decidir que encontro pagos vão boicotar ou qual membro vai ser punido por não usar o broche do grupo no último encontro que foram. A maior ocupação de seus integrantes é confeccionar adesivos para poderem trocar com os outros MC e aí colar no painel da sede. Os Motoclubes mais abonados mandam pintar o carro de apoio, a carretinha e a sede inteira com as cores do grupo, e com uma baita brasão na parede (no carro de apoio colocam aqueles adesivos magnéticos com o emblema do MC nas portas). Para se relacionar bem com estes seres, é necessário certo conhecimento de zoologia para se poder saber qual o bicho é o animal que adotaram como símbolo (além dos seus hábitos, se é carnívoro, onde se encontra, seus ritos de acasalamento, etc.).

 

O ritual

 

                    Hoje é domingo, seria mais um domingo normal se não fosse o sol brilhando lá fora. Acordo com a claridade entrando pelo quarto e recordo da moto suja lá no quartinho dos fundos de casa.

                     Tomo café animado escutando aquela música que me faz viajar através do pensamento a cada vez que a escuto, daquela banda chamada Creedence alguma coisa. Pego a chave e tiro a máquina da garagem, arrumo as mangueiras e começo o ritual, lava a bolha com carinho para não riscar, o tanque, as carenagens, raio por raio (pois eles devem brilhar já que temos um dia de sol), os aros e finalmente o motor, ahhh!!! isso que é motor...

                    Depois do banho gostoso vem a parte melhor, seca a potranca, passa cera, silicone, graxa na corrente, polir a cera.

                    Acabado este ritual inicia-se outro, talvez não tão agradável, porém não menos gratificante, coloco a moto perto da churrasqueira para poder ficar olhando-a e babando, pois foi tão difícil toda aquela rotina que agora deve ser apreciada. Faz o fogo, joga a carne na grelha e lá vem o convidado do dia, que por sinal também teve o primeiro ritual do dia, pois a máquina do camarada está brilhando.

                    Como não podia ser diferente, estaciona a magrela do lado da minha. Papo vai e papo vem e a patroa avisa que chegou a hora do almoço. Tira a carne, corta, leva a mesa. Vamos comer pessoal, e claro, combinando o roteiro da voltinha de domingo à tarde.

                    Depois dos a fazeres domésticos, dedicados as mulheres, claro !!!, colocamos os apetrechos de  um motociclista e, juntamente a elas, iniciamos o maior de todos os rituais. Sentindo o vento no rosto,  sem conversar, no silêncio dentro do capacete, pegamos a estrada, os pensamentos vão a mil.

                    Neste momento pensa-se em tudo, o que já fizemos, o que pretendemos fazer, viagens, encontros de motociclistas, rotas ainda não percorridas. Quando chegamos de volta a cidade vamos  ao centro comer alguma coisa e jogar mais um pouco de conversa fora, agora sobre o que foi  pensando durante o passeio. Ahh!!! como é boa essa vida!!!. 

                    O pior é voltar para casa e assistir alguma porcaria na TV, até que chegue a hora de dormir para acordar numa segunda-feira nublada...

 

Sds

Alexandre Hoepers

Jaraguá do Sul - SC

 

O Que Faz A Idade

Sargento Cunha - ABUTRE´s, - facção de Londrina Pr 

 

                        Eu, minha esposa e mais um colega, decidimos participar do Moto Road de 2003 em Campo Grande-MS - e no meio do caminho agregamos com mais motociclista amigos, oriundo de várias cidades e todos com um só destino: MOTO ROAD.

                        Após uma viagem de 1000 km, chegamos ao evento, no qual fomos recepcionados pelo amigo Sassá, integrante dos ABUTRE´s, de Campo Grande, depois de 03 dias com toda aquela festança regada de cervas, uísque e caldo de piranha, só nos restava despedir dos amigos e viajarmos de volta ao lar.

                        Na saída de Campo Grande fomos abastecer as maquinas, e minha esposa desceu da moto como é o costume dela sempre quando paro, e, neste ínterim como tinha muita moto para abastecer e pouco frentista o Leonel que estava no comando gritou: EI TURMA VAMOS ABASTECER MAIS ADIANTE, todos concordaram e acionei a partida na moto e acenando a todos que ficaram rumei para a pista para seguir os amigos que já estavam na frente e ainda acenando olhei pelo retrovisor, vi um vulto todo de preto acenado e pulando, pensei, aquele deve estar muito alegre para estar daquele jeito no meio da pista, e fui...... 

                        Quando ganhei a pista, GRITEI PARA A GARUPA (esposa) AMOR, A MOTO ESTÁ COM VONTADE DE CHEGAR LOGO EM CASA, TÁ FUNCIONANDO REDONDINHA, LEVE E SOLTA, e, quando já estava rodando uns 10 Km + ou - e olhando no retrovisor notei uma moto que vinha piscando a luz incessantemente e numa velocidade acima do normal, e quando a mesma encostou o seu condutor, buzinou chamando minha atenção e perguntou CADÊ SUA ESPOSA ? olhei na garupa ! nada, respondi com uma pergunta: ela caiu? Não! Você a deixou lá posto em Campo Grande, e está puta da vida contigo, e não quis vir comigo é para você ir busca lá, fui...... e ao chegar no posto deparei com a mesma em pé com os braços cruzados esbravejou e gritou bem alto: DESTE JEITO VOU TROCA-LO POR DOIS DE ................E OLHANDO EM VOLTA NOTOU QUE SÓ HAVIA MOTOCICLISTA DE IDADE AVANÇADA, E COMPLETOU A FRASE, DOIS DE 15, e foi aquela VAIA para cima mim, e lá do fundo alguém gritou EI ! PARANÁ ? TÁ DOIDÃO CARA, DEIXANDO A ESPOSA--------- NÃO DEXEI O MESMO TERMINAR O QUE IA DIZER------ E, RESPONDI COM A SEGUINTE PERGUNTA: E AI TURMA, QUAL E A NOSSA PAIXÃO ? E TODOS RESPONDERÃO É A MOTO.............. VIREI PARA A ESPOSA E DISSE MONTA.............. e fui........... amando a aventura e o belo, amando a conquista, sem receio dos traidores com seus venenos.....Levando na alma uma engastada ametista, e gritando aos ventos.......adoro esta vida de motociclista.......

 

Sargento Cunha - ABUTRE´s, - facção de Londrina PR

 

 

 MOTOCLUBERS

Há alguns dias, conversando com um amigo num chat, ele relatava-me uma viagem recém-realizada pelo seu motoclube. Pude perceber que o passeio daquele grupo não trazia boas lembranças, pelo contrário, continha mais dissabores do que diversão e prazer propriamente ditos.

Pelo seu relato, os desentendimentos começaram antes mesmo da partida, que havia sido marcada para as 7h30 da manhã, e a despeito de tudo que havia sido combinado em reuniões preliminares com todos os candidatos a viajante, chegou a hora da partida e alguns confirmados não apareceram.

Ao ligar para seus celulares souberam que os “amigos” ainda estavam em casa, dormindo, evidenciando total desrespeito com seus futuros colegas de estrada. No final, acabaram saindo às 9h, uns bronqueados com os outros, o que desencadeou novos acontecimentos desagradáveis no percurso, mas não os abordarei por serem irrelevantes ao tema deste texto.

Esse é talvez o maior problema que vejo na participação de motoclubes. Os relacionamentos são impostos pelo acaso, ou seja, não há como escolher seus companheiros de estrada com critérios que poderiam assegurar uma convivência agradável.

É difícil conter alguns integrantes que pelo simples fato de vestir o colete do MC transformam-se de forma imprevisível, deixando aflorar o ego, colocando em risco a imagem do motoclube e até mesmo a segurança física dos demais integrantes.

Talvez esses tenham sido os fatores determinantes na minha decisão de não mais participar de motoclubes. Optei em continuar viajando apenas com amigos, aqueles garimpados no decorrer do tempo.

Viajar de moto proporciona um prazer indescritível que somente é superado quando na viagem você está acompanhado daqueles amigos que preza, respeita e goza da mesma reciprocidade de sentimentos.

Só que até você chegar à conclusão de que determinada pessoa merece o título de “seu amigo”, é uma tarefa demorada de observação e lapidação das arestas complicadoras do relacionamento.

O mais comum é encontrar comportamentos displicentes e desinteressados. Por isso, é muito difícil achar companheiros perfeitos para viagens, quer seja para aquelas breves de final de semana ou as mais longas, que demandam maior cumplicidade e preparação. Comum é encontrarmos companheiros de uma única viagem, por vários motivos.

Nem sempre os gostos combinam; um gosta de correr mais e se incomoda de manter o ritmo do grupo, não se importando em perder o convívio silencioso da estrada e a alegria de ver o outro a sua frente ou pelo espelho retrovisor; outro tem mais poder aquisitivo e não se sujeita a acampar ou freqüentar hotéis e restaurantes mais modestos e adequados ao bolso do restante da turma; outros não gostam de parar para apreciar as coisas bonitas da estrada, e o pior, alguns não dão o necessário auxílio quando alguma das motos quebra no meio da viagem, esquecendo que é na superação dos momentos difíceis que as amizades se solidificam.

Enfim, várias coisas conspiram contra quando se busca achar os companheiros ideais, tal qual achar uma namorada em condições de se tornar esposa. Só depois de muitas viagens, muitas tentativas, se tiver sorte, dá para escolher parceiros fixos que realmente sejam companheiros e confiáveis, numa relação em que haja um mínimo de sintonia de gostos de uma maneira geral. Exigir a perfeição seria querer demais.

Mesmo assim, com os passeios e viagens se sucedendo, ainda é preciso ir trabalhando as relações, um cedendo daqui, o outro cedendo de lá e aos poucos se cria uma convivência agradável e duradoura que trará benefícios mútuos, deixará muitas fotografias, momentos para relembrar com satisfação e alimentar a expectativa da próxima oportunidade de renovar e fortalecer esses laços de amizade. Comum ver relatos de amizades que nascem dessa forma e duram uma vida inteira, transportando-se da estrada para a convivência familiar.

Sempre gostei de viajar em grupo, por prazer e até por segurança no caso de quebra da moto ou até mesmo um pneu furado no meio do nada, mas muitas vezes fui sozinho para a estrada porque às vezes as agendas são inconciliáveis; quando podemos viajar, nossos amigos não podem ou quando eles podem, nós é que estamos ferrados no trabalho ou noutro compromisso, sem possibilidade de acompanhar a turma e acabamos ficando em casa na maior vontade e frustração.

Mesmo quando viajo só, sinto que nunca estou realmente sozinho, pois a moto apesar de tão discriminada atrai as demais pessoas e desperta nelas admiração e um pouco de inveja sadia pela sensação de liberdade que ela transmite. Seja lá onde for que se pare, sempre há oportunidade de conversar com pessoas e outros motociclistas que a gente encontra pelo caminho.

Contei aqui no meu primeiro “causo” que numa parada para abastecimento num posto de gasolina da BR-116, no Estado de Santa Catarina, encontrei o Comandante Rolim, aquele da TAM, também motociclista solitário, indo encontrar seus amigos que o aguardavam em Porto Alegre para de lá seguirem em grupo para o Chile. Se estivéssemos de carro, nem teríamos nos olhado e sequer aproveitado aquela meia hora fantástica que ficamos batendo papo. Nem preciso dizer qual foi o assunto que norteou nossa conversa.

No causo “Eita informação boa”, relatei que numa outra ocasião, viajando sozinho, encontrei uma turma com perto de 35 motos pequenas, de um motoclube de outra cidade. Estavam perdidos e os acompanhei por um bom trecho de estrada, até que nossos destinos se separaram por vias diferentes. Por algum tempo “troquei idéias” com alguns deles por e-mail. O motoclube já se desfez, basicamente pelos motivos abordados nos primeiro parágrafos desse texto.

Em ambos os casos, se morássemos na mesma cidade, talvez até pegássemos alguma estrada juntos e nascesse desse encontro ocasional uma sólida relação de amizade e companheirismo.

É como diz a letra da música Canção da América: “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração”, dada a dificuldade e o trabalho que dá fazer novos amigos de estrada.

Diria que é muito verdadeira essa feliz afirmação do Milton Nascimento, que nos convida a preservar e valorizar as amizades sinceras e sem cobranças.

Abraços e até o próximo causo.

O “motonauta” Mário Sérgio Figueredo participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br.